terça-feira, 24 de maio de 2016

Centro de Memória do Corpo de Bombeiros



O Centro de Memória do Corpo de Bombeiros é um passeio imperdível para crianças e adultos.

Localizado no 4o agrupamento de Incêndio no Bairro da Vila Mariana em São Paulo, o museu ocupa um casarão construído nos tempos áureos do café (anos 20) e que mantém muitas das suas características originais.

A vista da fachada do antigo casarão já encanta na chegada. Aqui podemos observar o porão e suas escotilhas de respiro, os detalhes decorativos feitos em argamassa (cornijas e cunhais) e, sobre a platibanda do telhado, as pinhas.

Subindo as escadas e adentrando no hall nos deparamos com a peça mais interessante do acervo. A primeira viatura  puxada por burros!
A visita, monitorada pelo Cabo Garcia, é rica em informações mas aqui no nosso blog vamos nos concentrar nos detalhes da edificação.
Vista do andar superior - escada com vitral
Vitral da escada
Piso em granilite.
Detalhe do piso
Guarda da escada em ferro com corrimão de madeira

Detalhe da guarda da escada em ferro batido e rosetas em ferro fundido
Guarda do saguão superior
Lustre do Hall com detalhe no forro de estuque
Lustre do corredor lateral
Detalhe do canto do forro em estuque
Detalhes decorativos
Detalhe em estuque no forro
Área com o forro perdido - podemos observar o assoalho do piso superior com a estrutura de barrotes de madeira e paginação 
detalhe das ferragens dos caixilhos
* Imagens - acervo pessoal - maio 2016
*Centro de Memórias do Corpo de Bombeiros. Entrada Gratuita
Contatos: ccbcentrodememoria@policiamilitar.sp.gov.br 
Ligue (11) 3396-2580 de 2ª à sábado.

Rua Domingos de Morais, 2329 – Vila Mariana - São Paulo

próximo ao Metrô Santa Cruz.

* para mais informações sobre o Centro de Memórias do Corpo de Bombeiros acesse: http://www.encontravilamariana.com.br/vila-mariana/corpo-de-bombeiro-na-vila-mariana.shtml

sábado, 14 de maio de 2016

Restauro de Azulejos - Catedral Basílica de Salvador - Nov-2015

Em março deste ano fizemos um post onde falamos dos painéis de azulejo da Igreja e Convento de Santo Antonio em Recife - PE  que passaram por um processo de restauro realizado pelo IPHAN em 2011.

Hoje vamos falar da visita técnica na Basílica de Salvador, onde a turma do CECI 2015 teve a oportunidade de ver o trabalho de restauro de azulejos históricos em andamento.

As diretrizes para o restauro em Salvador foram similares ao restauro executado em Recife onde se optou pelo desmonte dos painéis.

No dia da visita, os painéis já haviam sido desmontados e aguardavam as intervenções de restauro conforme imagens abaixo
peças aguardando o restauro
peças aguardando o restauro
A primeira etapa é a dessalinização dos azulejos. Esse processo se faz necessário pois muitas das patologias em azulejos históricos são causadas pela umidade ascendente nas alvenarias que provocam o acúmulo de sal e posterior degradação nas peças. 

Conforme mostra a imagem abaixo, a dessalinização é executada deixando a peça imersa em água deionizada. O teor de sal é medido diariamente e o processo pode demorar até 45 dias.
equipamento para o processo de deionização da água
peças em processo de dessalinização
A próxima etapa é a remontagem e colagem das peças
remontagem e colagem das peças
peças em processo de secagem
Em algumas peças se faz necessário o enxerto, conforme imagem abaixo
vista do tardoz - enxerto já finalizado
A etapa seguinte é o que chamamos nivelamento, 
processo de nivelamento em andamento
nivelamento já finalizado
A reintegração cromática ou pictórica vem em seguida. Podemos observar, nas imagens abaixo, a técnica do pontilhismo. 

O pontilhismo e o trattégio são técnicas de reintegração pictórica de forma a criar um diferencial entre a pintura original e a restaurada. A distinguibilidade nas intervenções de restauro é uma das principais diretrizes da teoria da restauração de Cesare Brandi.

"A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo."
Cesare Brandi, teoria da restauração pag.33  

"A integração deverá ser sempre e facilmente reconhecível; [...], a integração deverá ser invisível à distância de que a obra de arte deve ser observada, mas reconhecível de imediato, e sem necessidade de instrumentos especiais, quando se chega a uma visão mais aproximada."
Cesare Brandi, teoria da restauração pag.47            


peça com reintegração pictórica utilizando a técnica do pontilhismo
peça com reintegração pictórica utilizando a técnica do pontilhismo
* imagens - arquivo pessoal - visita realizada em nov de 2015
* teoria de Cesare Brandi ler: Teoria da Restauração, Cesare Brandi, Ateliê Editorial, Artes & Ofícios


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Habitação como Patrimônio Cultural


Em 28 e 29 de abril foi realizado o seminário Habitação como Patrimônio Cultural, organizado pelo CPC - Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

Vários temas foram discutidos, entre eles:

- a preservação das técnicas construtivas;
- museus-casas e casas-museus - a alma da morada;
- morar no patrimônio  - com depoimentos de moradores de residências tombadas - desde antigas vilas operárias até as casas modernistas de alto padrão;
- projetos de intervenção - Casa Olga Baeta e Museu da Diversidade Sexual (este último localizado no casarão 1919 na Av. Paulista em SP);
- mercado imobiliário x bens tombados;
- requalificação de edifícios abandonados para moradia social;
- reflexão sobre os bairros-jardins;
- habitação vernácula, uma problemática;
- como preservar o valor cultural da Habitação?;
- habitação e urbanidade - os limites da cidade compacta.

Professores/doutores, arquitetos especialistas, representantes dos órgãos de preservação (municipal, estadual e federal), moradores de bens tombados e convidados estrangeiros participaram das mesas de debates aberta às perguntas da platéia.

Vale lembrar que no início dos pensamentos preservacionistas  (final do séc. XVIII na Europa e começo do séc. XX no Brasil) apenas as edificações excepcionais eram reconhecidas como Patrimônio Histórico.

O reconhecimento da morada do homem comum como Bem Cultural só começou a ser discutido de forma mais contundente na Carta de Veneza de 1964:

Artigo 1o - A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. estende-se não só às grandes criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural.

Espera-se que além das discussões da habitação como Patrimônio Cultural as moradas como a de Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), filho de uma índia e de um ex escravo e alfabetizado aos 36 anos, conhecida como Casa da Flor na cidade de São Pedro da Aldeia no RJ tenha o tombamento provisório, iniciado em 2012, aprovado pelo órgão de preservação federal.

“De noite, acendo a lamparina, me sento nessa cadeira, oh, que alegria para mim! Quando eu vejo tudo prateado, fico tão satisfeito... Tudo caquinho transformado em beleza... Eu mesmo faço, eu mesmo fico satisfeito, me conforta...”
Gabriel Joaquim dos Santos,  http://casadaflor.org.br/hist.htm  acesso em 28-07-2015.
 “Muitos vão se surpreender mas, para mim, uma das obras mais importantes da arquitetura brasileira é a casa da flor, conhece? A casa foi construída, no começo do século vinte, por Gabriel Joaquim dos Santos, em São Pedro da Aldeia, no Estado do Rio. Para mim, é um exemplo raro de arquitetura espontânea, poética, sem qualquer imposição. A fachada você jura que é do Gaudí.”

                                                Ariano Suassuna, revista aU Arquitetura e Urbanismo, n. 94 – fev./2001 em resposta ao 
                                                entrevistador sobre qual seria um projeto exemplar da arquitetura moderna brasileira.




* imagens da Casa da Flor - web - acesso em 05-05-2016
* imagem do seminário - da autora
* Carta de Veneza acesse:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf

por Cristiane Py - www.cristianepy.com.br


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sitio Arqueológico São Miguel Arcanjo


No mês passado postamos a matéria  Vandalismo x Educação Patrimonial e discutimos a importância da valoração do Patrimônio Cultural pela sociedade.

Hoje falaremos do Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo localizado no Rio Grande do Sul.

O local não foi vítima de vandalismo mas infelizmente, a uma semana atrás (24-04-2016), foi seriamente castigado por uma forte chuva.

As Ruínas de São Miguel, como é mais conhecida, é um remanescente dos Sete Povos das Missões. Fundada em 1687 pelos jesuítas, quando essas terras estavam sobre o domínio espanhol, um século depois foi incendiada entrando em um processo de decadência e abandono.

Desde 1925 as ruínas vem passando por várias intervenções de restauro sendo tombada pelo IPHAN em 1938 e reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1983 (neste último caso fazendo parte de um complexo maior que abrange também sítios na Argentina).

No sítio arqueológico encontramos também o Museu das Missões, projeto do arquiteto Lucio Costa, executado com pedras remanescentes das ruínas e fechamentos em vidro cujo acervo é composto por peças da Arte Sacra Missionária dos séc. XVII e XVIII.














Muitas árvores caíram durante o forte temporal da semana passada. As ruínas não sofreram danos mas o Museu das Missões foi seriamente castigado. O forte temporal quebrou os fechamentos de vidro, tombou as esculturas maiores e chegou a arremessar peças para fora da edificação.

As providências necessárias já estão sendo tomadas mas, infelizmente, o local está fechado para visitação.











* imagens da web - acesso em 02-05-2016
* para mais informações sobre o temporal acesse: http://www.museus.gov.br/nota-publica-sobre-danos-ao-museu-das-missoes-provocados-por-temporal-na-regiao/
* para mais informações sobre o Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo acesse: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/39



por Cristiane Py - www.cristianepy.com.br